A alimentação segundo a medicina chinesa

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Para a medicina chinesa a dietética é muito mais que alimentação - é uma terapia. Como tal, não se resume apenas à classificação simples dos macronutrientes (proteínas, hidratos de carbono e gorduras) nem se rege pela combinação tradicional dos alimentos a que estamos habituados no ocidente.

Na cultura chinesa nenhum alimento é considerado bom ou mau por si só. É essencial ter em conta não só a constituição de cada pessoa, mas também o seu estado de saúde no momento da ingestão, o que faz com que o mesmo alimento seja benéfico numas alturas e prejudicial noutras. Por este motivo é essencial conhecer as características de cada alimento para perceber o efeito que tem sobre o nosso corpo.

Segundo a teoria dos 5 elementos, cada sabor está associado a um órgão e a uma cor da seguinte forma:

  • Fígado/Vesícula Biliar - ácido - verde (espinafre, kiwi, limão)
  • Coração/Intestino Delgado - amargo - vermelho (café, morango)
  • Baço-pâncreas/Estômago - doce - amarelo (melão, abóbora, cenoura)
  • Pulmão/Intestino Grosso - picante - branco (gengibre, rábano, alho)
  • Rim/Bexiga - salgado - preto/azul (sal, algas, mexilhão).

E de acordo com a natureza (não com a temperatura a que são ingeridos) os alimentos podem ser:

  • Quentes (alho, camarão, canela, pimenta)
  • Mornos (cenoura, chá preto, galinha, noz)
  • Neutros (arroz, amêndoa, mel, vaca)
  • Frescos (alface, aveia, maçã, milho)
  • Frios (banana, beringela, cogumelo, polvo).

Existem ainda outros parâmetros a ter em conta quando se desenha um plano alimentar numa consulta de medicina chinesa, como o método de confecção ou a temperatura de ingestão. No entanto há uma série de conselhos universais para uma alimentação saudável segundo a filosofia oriental:
Uma boa alimentação começa na forma como se come. As refeições devem ser feitas com calma, sem distracções (televisão, telemóvel, livros ou jogos) e os alimentos devem ser bem mastigados;
Para uma digestão saudável a combinação ideal é de vegetais com proteínas ou vegetais com hidratos de carbono, sendo de evitar a junção de proteínas com hidratos de carbono de que tanto gostamos (pão com queijo, peixe com batatas ou bife com arroz);
Quanto mais frescos são os alimentos, mais energia têm, o que não acontece com enlatados, empacotados ou congelados, que são de evitar;
A ingestão de bebidas e alimentos gelados exige um esforço extra ao corpo que enfraquece bastante a energia do sistema digestivo e é especialmente desaconselhada a quem já apresenta problemas de digestão, frio constante ou cansaço excessivo.

Assim, uma pessoa que tenha sintomas de calor no fígado como olhos vermelhos, boca e garganta seca ou dor no topo da cabeça deve ingerir uma pequena quantidade de alimentos ácidos, de cor verde e de natureza neutra, fresca ou fria. Já se houver sintomas de frio no rim como dor e frio na zona lombar, fraqueza nos joelhos, sensação de frio constante ou zumbidos é aconselhada a ingestão de alimentos salgados, de cor preta ou azul e de natureza morna ou quente.

No oriente o conhecimento mais aprofundado sobre dietética é passado entre gerações, dentro e fora do consultório, o que não acontece com tanta facilidade no ocidente. Mas se tivermos em conta a lei das semelhanças com a natureza não é difícil perceber aquilo de que o corpo precisa. Prova disso é a apetência que temos para alimentos crus e frescos no verão ou cozinhados e quentes no inverno.

 

Imagem | Marisa Martins Fotografia
 

Filipa Ribeiro